O Auto-Pensante

Women's mind,
by Asky Klafke
O Auto-Pensante
          filosofia barata & amizades caras

01/05/2015

O Tempo Perdido

by Henri Fantin-Latour

Às vezes me chamam de intolerante. Eu me acho seletivo.

Há muito deixei de ler bulas de remédios. Continuei com a literatura por um bom tempo, mas depois de alguns anos, só ficou a filosofia. Hoje só leio o que me interessa, e confesso, pouco tenho visto de interessante ultimamente.

O último grande romance que li foi À la Recherche du Temps Perdu (Em Busca do Tempo Perdido), de Marcel Proust. E, como sempre faço antes de ler romances de vulto como este, preparei-me como se preparam os bravos: dediquei algumas semanas estudando a vida de Proust e a época em que ele viveu, me aclimei, no tempo, na época, na cultura, na história... e só depois, armado de boa compreensão do que Proust possivelmente viveu, parti para o romance. Parece-me ser esta a única maneira de proceder-se. Qualquer outra abordagem parece-me inútil: como entender um romance se não se está a par das condições da época?

Por exemplo, foi muito importante ao contexto do romance, saber que Proust fora asmático desde os 9 anos de idade. Também que estudou política e direito, e que nunca trabalhou em sua vida – que durou 51 anos. Que seus primeiros trabalhos – contos, poemas, etc. - revelavam pesada influência de um simbolismo decadente, próprio da época. Também curioso saber que escreveu o primeiro e o último livro de Em Busca do Tempo Perdido simultaneamente. E que o último e o penúltimo livros só foram publicados após sua morte.

Em Busca do Tempo Perdido é um romance sobre tempo e memória. Há uma obsessão por questões do tempo, que se desenvolve histórica e episódicamente, numa França com ecos de Europa e de mundo. Mas também é um livro onde há uma atmosfera psicológica complexa e implacável.

Genuinamente uma aventura!

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