O Auto-Pensante

Women's mind,
by Asky Klafke
O Auto-Pensante
          filosofia barata & amizades caras

12/10/2008

Desconstruindo...


É isso aí, ex-futuros-pensantes, a grande incoerência da chamada humanidade se consagra: padrões de comportamento e estabilidadde intelectual. Apegar-se ao cotidiano do que é institucionalizado traz aquele reconforto quentinho de uma tarde de inverno defronte à lareira, comendo pipoca e tomando chocolate-quente. Aí o melhor a fazer é se encolher debaixo do cobertor do silêncio e se amuar atrás das barreiras dos próprios limites e deixar o lento e caudaloso rio do indesejável passar, levando para longe o desespero e a incompreensão...

O que precisa ser entendido é que não há amargura na amargura - só o pensamento livre, pois ele nos traz a constatação de que se dispendeu um puta tempo pra poder chegar à conclusão que o rosa-choque/azul-anil na verdade era vermelho-sangue/negro-putrefato, e aquele o monte de idéias que se achava "super-original", ou "super-cabeça", aquele discursinho pós-tudo nada mais é do que o estabelecimento das leituras rasas que letras de pop-punk-post fuckin' rock'n'roll te deixaram. Expressões de uma parcela da população que achou que a melhor maneira de expressar o que sentia era através de manifestações acessíveis e assim desaguar suas frustações, enquanto paralelamente continuavam a se alienar mais e mais. A grande sacada do capitalismo e do Big-Brother de 1984 é a mega-mistura para a derrocada do pensamento de toda uma geração futura: sexo, drogas e rock'n'roll. O engajamento de artistas beatniks e suas iluminações alucinadas por ácido deram credibilidade e romantismo necessários ao mote de que o é real é chato, a realidade é chata, política, economia, estudos... tudo é chato. "Viva a vida", "viva e deixe viver", "liberdade de expressão"... as novas ordens.

Eu diria liberdade e dependência. Qual seria a diferença? Nenhuma! Escritores beats, como Ginsberg, Bourroughs e Kerouac - todos geniais! - tornaram-se fortemente dependentes de suas inspirações lisérgicas, ao ponto de alcançarem o paradoxo de não conseguirem produzir sem se drogarem, e de se drogarem apenas e não conseguirem produzir nada. Alguém aí acha que eles entraram nessa conscientemente? "Eu quero me acabar em ópio...", ou coisa parecida? Não creio! Um caso isolado de ingestão assistida foi do Huxley, que tomou mescalina por um tempo para escrever "As Portas da Percepção", detalhando os efeitos do ácido.

Aí neguinho me fala: maconha é diferente... Claro que é diferente! Maconha não te destrói como ácido, ópio ou mesmo coca/crack. Meio óbvio, não? Mas o que não é óbvio é o redondo FODA-SE que deve ser dado pra tua maconha. Ninguém está - ao menos não deveria estar - preocupado se a maconha faz mal ou não. Problema teu, camarada! Quer cheirar, mascar, tomar nos canos, o que seja: vá fundo! Você é quem tem que carregar esse monte de carne-e-osso-cercado-de-pele-por-todos-os-lados prá cá e prá lá, equilibrando sua cabeça em cima do seu pescoço e cuidando como queira e bem lhe convier do que carregas dentro dela... e com que qualidade, precisão ou dignidade, mantens isso... problema teu. Agora, que teu viciozinho é perverso, isso é. Perverso porque alimenta a filhadaputagem dos traficantes, que são alimentados pelos filhosdaputeiros do crime organizado, que ameaçam, usurpam e aliciam pra manterem seus negócios.

Será que eu ouvi um "FODA-SE" por aí?

Demora um tempo pra degustar isso tudo... e mesmo degustado, é foda de engolir. E isso não é exclusividade do viciadinho classe-média não, pensar e achar que é bacana faz parte da rotina do executivo e do office-boy também, e todos os outros que compram CD/DVD pirata no camelô ou toca-fita roubado em "feiras especializadas" e acham que estão fazendo um puta negócio... são espertos. Depois reclamam que a cidade tá violenta. Estão fazendo a mesma merda... "Onde já se viu, nem se pode mais andar de carro com o vidro aberto!", e vai querer chorar e exigir justiça se um ente querido for vítima de um seqüestro-relâmpago. E se seguido de morte, então, só lhe restará baixar lá na boca e comprar uma paranguinha pra afogar as mágoas!

É hora de se tomar vergonha na cara e encarar a situação - é viciado, patrãozinho, problema teu. Plante a tua própria maconha ou vá se tratar! Continuar alimentando a criminalidade e querer segurança e justiça ao teu redor já deixou de ser incoerência e hipocrisia há muito tempo. O novo nome é ESTUPIDEZ.

E pense... pense muito. Ao contrário do que dizem que "pensar não dói", não se iluda: pensar dói pra caralho! Pensar não é pra bunda-mole não... é preciso muita coragem! E se não doer, é porque tá fazendo errado!

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