O Auto-Pensante

Women's mind,
by Asky Klafke
O Auto-Pensante
          filosofia barata & amizades caras

24/05/2021

Quem sou eu?

Um pouco mais de sol eu era brasa
Um pouco mais de azul eu era além

- Mário de Sá-Carneiro in Dispersão


No livro "Good Company - Sayings, Stories, Answers", Shantanand Saraswati (Shankaracharya da ordem Jyotir Math) nos diz que "Se você começar a ser o que é, realizará tudo, mas para começar a ser o que você é, você deve abandonar o que você não é."

E continua ... "Você não é aqueles pensamentos borbulhando em sua mente; você não é os sentimentos, em constante mudança; você não é as diferentes decisões que você toma, nem as diferentes vontades que você tem; nem aquele ego apartado."

Então ele pergunta... "Sendo assim, quem é você?"

A esta altura eu já estaria à procura do livro... mas para quem apenas quer a resposta, nua e crua, ele conclui que "Você é tudo no mundo e tudo no mundo é refletido em você, e ao mesmo tempo você é Aquilo - TUDO!".

24/02/2018

Quem é você?

Diferentemente do grandessíssimo Vinícius Cantuária em Lua e Estrela (não, não é do Caetano!), que pergunta à menina do anel, "quem é você, qual o seu nome?" a pergunta aqui é mais retórica... na verdade, caberia melhor perguntar "O quê é você?"

Quando afirmamos a posse de uma coisa, por exemplo, um relógio, dizemos "este relógio é meu", ou "este é o meu relógio". Fazendo isso, determinamos a existência de 2 coisas: um relógio e um dono.

Quem é esse dono?

"Um ser humano", diriam... E como seres humanos, identificamo-nos assim: este é o meu corpo, esta é minha mente (ou estas são minhas idéias), e isto é o que eu sinto (ou estes são meus sentimentos). Corpo, mente/pensamentos, coração/sentimentos...

Mas quem é este "eu"?

13/01/2018

Um sinal dos tempos?


Digamos que você está prestes a fazer uma viajem de avião. Depois de entrar e confortavelmente tomar o seu assento, a comissária de bordo anuncia que, através de uma votação entre os passageiros, será escolhido o piloto do vôo de hoje. "Por favor, peguem sua cédula no compartimento defronte ao seu assento. Nela encontrarão 3 opções de piloto: um pastor, muito religioso e com acesso especial e exclusivo ao divino; um artista de TV, muito conhecido por aquele reality show e também por sua contribuição na mídia em geral, e, finalmente, um piloto, que infelizmente nada mais faz além de pilotar aviões."

28/12/2017

De grupos e opiniões...

... ou o ab(surdo) não h(ouve)



Recentemente fui incluído num "grupo familiar" no WhatsApp. Familiar no sentido família extendida: além de minha tia e alguns primos meus por parte de mãe, tinha tios de minha mãe, primos de minha mãe, e agregados. Primos queridos, que pouco vejo devido à distância, outros ainda mais distantes, que vejo menos ainda, uns que só conheço de nome, e outros que nem de nome conheço. Mas todos parentes!

Como o objetivo era de manter a família unida, resolvi aceitar o convite, afinal, meus (novos) princípios filosóficos regem que não devo restringir meu amor a grupos (por exemplo, a família). Devo, sim, expandí-lo... inclusive à família!

Tudo ia bem, embora muitas mensagens fossem apenas repassadas de outros posts recebidos sabe-se lá de quem, do tipo "tenha um bom dia", "Jesus te ama", "ame o próximo", etc, tudo era muito positivo. Alguns escreviam mensagens originais, outros postavam informações úteis... tudo de bom, enfim! Até que resolveram fazer piadinhas políticas...

05/11/2017

estão jogando com você...

Deu na mídia semana passada (mídia real, de verdade... o bom e velho jornal) que o Facebook - que eu gosto de chamar de Livrocara - atingiu a marca de 2 bilhões de usuários por mês! É muita gente perdendo tempo nesse programinha, não?

Nada de errado com isso, alguém pode dizer... cada um perde seu tempo como quer! Afinal, a recém renovada "missão" do Livrocara é dar às pessoas o poder para construírem comunidades, e juntas tornarem o mundo mais próximo.

Quem engole tal balela?

A primeira pergunta, e bem básica, que vem à mente é Por quê? E para entendermos o Por quê da questão, devemos entender o Para quê e o Para quem!

03/05/2016

Rápido Tempo Lento

"Time is what keeps everything from happening at once"
Ray Cummings in The Girl in the Golden Atom, 1922.
Eis-me aqui novamente a falar sobre o tempo, um dos meus assuntos preferidos. Vezes falo do tempo perdido, vezes falo do tempo vivido. Assim poderia até chamar este post de "Em busca do tempo vivido", mas Proust provavelmente não aprovaria... Então chamei de rápido tempo lento mesmo.

A noção de tempo é inerente ao ser humano, todos sentimos, embora a ciência comprove que nossas percepções e sentidos são mestres em nos enganar. A percepção de tempo observada a partir de nossos sentidos é uma percepção puramente psicológica, e por isso mesmo cada um pode ter sua própria noção de tempo. Em certos dias, determinados eventos transcorreram de forma muito rápida, em outros, os mesmos eventos transcorreram de forma mais lenta, e expressões como "o tempo voa", "este ano passou depressa" ou "esta aula não acaba" soam bem comum a todos nós, mesmo que o relógio - aparelho especificamente construído para medida de tempo - mostre sua invariabilidade.

01/05/2015

O Tempo Perdido

by Henri Fantin-Latour

Às vezes me chamam de intolerante. Eu me acho seletivo.

Há muito deixei de ler bulas de remédios. Continuei com a literatura por um bom tempo, mas depois de alguns anos, só ficou a filosofia. Hoje só leio o que me interessa, e confesso, pouco tenho visto de interessante ultimamente.

O último grande romance que li foi À la Recherche du Temps Perdu (Em Busca do Tempo Perdido), de Marcel Proust. E, como sempre faço antes de ler romances de vulto como este, preparei-me como se preparam os bravos: dediquei algumas semanas estudando a vida de Proust e a época em que ele viveu, me aclimei, no tempo, na época, na cultura, na história... e só depois, armado de boa compreensão do que Proust possivelmente viveu, parti para o romance. Parece-me ser esta a única maneira de proceder-se. Qualquer outra abordagem parece-me inútil: como entender um romance se não se está a par das condições da época?

26/12/2013

Dependência



Aqui na Irlanda, tem apenas dois dias no ano em que as lojas não abrem: Natal e Sexta-feira Santa (Good Friday), e a véspera destas datas, acreditem, é uma loucura! E embora a véspera do natal possa parecer compreensivo, pessoas esquecidas comprando coisas de última hora... mas não, não é disso que falo... falo de dependência mesmo! Dependência não-química, dependência psicológica - embora tudo acabe sendo químico!

A simples idéia da abstinência, de que não haverão pubs, bares, restaurantes, lojas, supermercados, farmácias, postos de gasolina, bancas de jornal... nada aberto, apavora! As pessoas se desesperam, correm aos mercados, se estocam para o dia seguinte, onde, aborrecidas, terão que enfrentar um dia inteiro sem comprar nada! E para não dizer que não há nada, sempre se acha uma lojinha indiana aberta, mas não é a mesma coisa...

14/06/2012

Um apelo ao tempo

CROWD - Misha Gordin
Antes fosse só o tempo que nos afligisse. Deixou de ser! Ou melhor, agregaram-se a ele outras inquietudes, outras preocupações, outros afazeres, outras tantas coisas que acontecem enquanto estamos perdendo tempo com alguma coisa... A síndrome do tempo perdido, do acontecimento imediato, da informação disponível... chamem de FOMO, agorafobia, ou pura perda de tempo, a coisa é mais profunda do que parece.

20/12/2011

A Previsibilidade da Física


Dado um modelo para o universo, a abordagem dispensada normalmente atende três perspectivas de modelagem: a Modelagem Conceitual, a Modelagem Lógica e a Modelagem Física. Deveria esse Modelo do Universo ser um Modelo Conceitual, um Modelo Lógico ou um Modelo Físico? Ora, se considerarmos suas aplicações básicas, usaríamos a primeira, que representa um modelo de alto nível e considera exclusivamente o ponto de vista do usuário criador do dado - ou seja, a natureza, incluindo aí a raça-humana. Quando partimos para a modelagem lógica, temos que agregar detalhes de implementação desse modelo... e na modelagem física demonstrar como esse modelo - e seus eventos - se relacionam com o físico...