CROWD - Misha Gordin |
Antes fosse só o tempo que nos afligisse. Deixou de ser! Ou melhor, agregaram-se a ele outras inquietudes, outras preocupações, outros afazeres, outras tantas coisas que acontecem enquanto estamos perdendo tempo com alguma coisa... A síndrome do tempo perdido, do acontecimento imediato, da informação disponível... chamem de FOMO, agorafobia, ou pura perda de tempo, a coisa é mais profunda do que parece.
A vida, em si, hoje em dia é mais vida do que todas as vidas vividas no passado. A vida hoje transbordou-se em si mesma, transbordou-se por todos os leitos, em todas as normas, e já não se alimenta mais do passado. Está só neste mundo do presente, a vida!
É a chamada vida moderna. Ao homem, ensinaram as técnicas dessa vida moderna, mas se esqueceram de educá-lo. Disponibilizaram dados e instrumentos para viver intensamente, mas não a sensibilidade para desfrutar os momentos vividos. Falta-lhe cultura. Falta-lhe história. Falta-lhe passado.
E em tudo se espelha essa falta, em tudo se reflete essa lacuna. O mundo carece de algo. Sensibilidade? Não, há muita nas instituições de caridade e nas novelas. Solidariedade? Não, as redes sociais provam o contrário. Conhecimento? Não, o mundo todo está na internet, os jornais e os blogs te informam, a TV te mostra e o rádio te explica. O que falta então? Falta-lhe alma. A alma para dar suporte à matéria - e tudo é matéria! Sem a alma, a matéria não se sustenta. A matéria está lá, mas precisa de quem a consuma com sabedoria.
Talvez o maior erro humano foi a suposta necessidade da especialização. Com o conhecimento especializado - note-se que Conhecimento não é especializado, mas especializado é o montante que alguém absorve dele - o homem limitou-se, ao invés de expandir-se. Ao se especializar em algo, refuta o resto, e agarra-se a uma realidade hermética e finita: torma-se um especialista. Diferentemente do leigo, o especialista é um conhecedor. Seu conhecimento - ou sua arrogância especialista - irá conduzí-lo a opinar até mesmo onde não tem o conhecimento necessário - mas é um especialista! -, já que não-opinar é tido como uma conduta ignorante.
Às vezes brinco dizendo que o excesso de opções é falta de opção, onde a bonança não passa de miséria! É verdade, quem muito tem, nada desfruta, seja bens materias, seja acesso ao "conhecimento".
Outro agravante do tempo é a imediatialidade das coisas. Nada pode - ou consegue - passar despercebido, e tem que ser registrado! E você (eu, ao menos), desavisadamente é capturado numa foto, ou num vídeo, e aparece numa página social qualquer - um facebook da vida! Isso porque as pessoas - aqueles a quem José Ortega y Gasset descreve como homens-massa - preferem registrar ao invés de desfrutar. Registram para desfrutarem mais tarde, sentados em seus sofás macios, assistindo aos seus vídeos e fotos pelo computador, conectados nas suas TV de cento e poucas polegadas!
E se isso não lhe soa estranho, sinto muito, mas você perdeu seu tempo. Aquele mesmo tempo, tão precioso que não lhe permite ler um livro até o final, ou mesmo desfrutar seu tempo livre com a família, porque você está sempre "ligado" nas coisas super-importantes que lhe cercam - ou que você acredita, piamente, que lhe cercam.
Pense assim: se você acordasse um dia, e não houvesse mais eletricidade... não haveria computadores para mostrar os momentos que você frequentou - mas não desfrutou completamente. Não poderia conversar virtualmente com seus amigos, e teria que enfrentar a realidade das amizades reais. O que você seria sem isso?
Mais profundamente: se um dia raiasse e você não fizesse mais parte dele... quem mais sentiria sua falta? Seu patrão? Seus colegas de trabalho? Seus amigos virtuais? Ou sua família?
Já que citei José Ortega y Gasset, explico: quando ele se refere ao homem-massa, ele não se refere a uma classe social, a uma raça, ou a uma categoria de inteligência... ele se refere ao mesmo ser-humano que José Ingenieros chamou de homem medíocre. É o homem médio. Médio em suas atitudes, não em seu status social, em sua estatura ou em sua cultura - mesmo entre os mais cultos encontramos homens-massa, ou homens medíocres. A mediocridade é uma das qualidades mais democráticas da humanidade!
Ao homem-massa/medíocre falta moral, postura, profundidade... tudo o que ele já tem, mas no seu profundo íntimo não sabe utilizar. E assim desperdiça tudo o que consome, assim como desperdiça seu tempo...
A vida, em si, hoje em dia é mais vida do que todas as vidas vividas no passado. A vida hoje transbordou-se em si mesma, transbordou-se por todos os leitos, em todas as normas, e já não se alimenta mais do passado. Está só neste mundo do presente, a vida!
É a chamada vida moderna. Ao homem, ensinaram as técnicas dessa vida moderna, mas se esqueceram de educá-lo. Disponibilizaram dados e instrumentos para viver intensamente, mas não a sensibilidade para desfrutar os momentos vividos. Falta-lhe cultura. Falta-lhe história. Falta-lhe passado.
E em tudo se espelha essa falta, em tudo se reflete essa lacuna. O mundo carece de algo. Sensibilidade? Não, há muita nas instituições de caridade e nas novelas. Solidariedade? Não, as redes sociais provam o contrário. Conhecimento? Não, o mundo todo está na internet, os jornais e os blogs te informam, a TV te mostra e o rádio te explica. O que falta então? Falta-lhe alma. A alma para dar suporte à matéria - e tudo é matéria! Sem a alma, a matéria não se sustenta. A matéria está lá, mas precisa de quem a consuma com sabedoria.
Talvez o maior erro humano foi a suposta necessidade da especialização. Com o conhecimento especializado - note-se que Conhecimento não é especializado, mas especializado é o montante que alguém absorve dele - o homem limitou-se, ao invés de expandir-se. Ao se especializar em algo, refuta o resto, e agarra-se a uma realidade hermética e finita: torma-se um especialista. Diferentemente do leigo, o especialista é um conhecedor. Seu conhecimento - ou sua arrogância especialista - irá conduzí-lo a opinar até mesmo onde não tem o conhecimento necessário - mas é um especialista! -, já que não-opinar é tido como uma conduta ignorante.
Às vezes brinco dizendo que o excesso de opções é falta de opção, onde a bonança não passa de miséria! É verdade, quem muito tem, nada desfruta, seja bens materias, seja acesso ao "conhecimento".
Outro agravante do tempo é a imediatialidade das coisas. Nada pode - ou consegue - passar despercebido, e tem que ser registrado! E você (eu, ao menos), desavisadamente é capturado numa foto, ou num vídeo, e aparece numa página social qualquer - um facebook da vida! Isso porque as pessoas - aqueles a quem José Ortega y Gasset descreve como homens-massa - preferem registrar ao invés de desfrutar. Registram para desfrutarem mais tarde, sentados em seus sofás macios, assistindo aos seus vídeos e fotos pelo computador, conectados nas suas TV de cento e poucas polegadas!
E se isso não lhe soa estranho, sinto muito, mas você perdeu seu tempo. Aquele mesmo tempo, tão precioso que não lhe permite ler um livro até o final, ou mesmo desfrutar seu tempo livre com a família, porque você está sempre "ligado" nas coisas super-importantes que lhe cercam - ou que você acredita, piamente, que lhe cercam.
Pense assim: se você acordasse um dia, e não houvesse mais eletricidade... não haveria computadores para mostrar os momentos que você frequentou - mas não desfrutou completamente. Não poderia conversar virtualmente com seus amigos, e teria que enfrentar a realidade das amizades reais. O que você seria sem isso?
Mais profundamente: se um dia raiasse e você não fizesse mais parte dele... quem mais sentiria sua falta? Seu patrão? Seus colegas de trabalho? Seus amigos virtuais? Ou sua família?
Já que citei José Ortega y Gasset, explico: quando ele se refere ao homem-massa, ele não se refere a uma classe social, a uma raça, ou a uma categoria de inteligência... ele se refere ao mesmo ser-humano que José Ingenieros chamou de homem medíocre. É o homem médio. Médio em suas atitudes, não em seu status social, em sua estatura ou em sua cultura - mesmo entre os mais cultos encontramos homens-massa, ou homens medíocres. A mediocridade é uma das qualidades mais democráticas da humanidade!
Ao homem-massa/medíocre falta moral, postura, profundidade... tudo o que ele já tem, mas no seu profundo íntimo não sabe utilizar. E assim desperdiça tudo o que consome, assim como desperdiça seu tempo...
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